Minhas Leituras #104: O anel do Nibelungo – Richard Wagner

O Senhor dos anéis parece compartilhar muitas semelhanças com O anel do Nibelungo, ópera de Richard Wagner, um dos maiores compositores de todos os tempos.

Capa do livro O Anel do Nibelungo

O leitor brasileiro agora pode apreciar uma das maiores óperas do século XIX, e de forma integral! Estou sobre o O anel do Nibelungo, um incrível feito, tanto musical, quanto teatral e literário. Pode ser que, a partir de hoje, você passe a se interessar por óperas!

“Apenas covardes temem um homem / Que, sem armas, caminha sozinho!” p. 108

Genialidade musical e literária

Richard Wagner [1813 – 1883] foi um compositor e diretor de teatro alemão. Seu início de carreira foi fortemente influenciado por Shakespeare e Goethe, mestres que despertaram nele o interesse pela música, teatro e poesia.

No ano de 1849 ele precisou deixar seu país por alguns longos anos, por conta de seu envolvimento com grupos políticos. Afinal estamos falando de um homem que viveu no século XIX, onde diversas ideias políticas e filosóficas surgiram, a Europa era um caldeirão borbulhante.

Em vida, Wagner passou por muitas dificuldades, até mesmo financeiras. Porém seu legado é inegável. Sua influência está na música e teatro, e na literatura, em autores como Thomas Mann, Marcel Proust, Charles Baudelaire, entre outros. Além de um grande ícone da música, temos aqui um grande nome da literatura mundial.

“É necessário um herói que, / Desprovido de proteção divina, / Se liberte da lei dos Deuses.” p. 128

Um anel poderoso

Como o próprio título diz, o enredo da ópera gira em torno de um anel mágico, que garante a seu portador o poder de dominar o mundo. Trata-se de um anel guardado pelas Filhas do Reno, que, após ser roubado, passará por muitas mãos ao longo da história.

Wagner foi influenciado por diversos mitos e histórias antigas para compor O anel do Nibelungo. Uma dessas influências é a mitologia nórdica, com alguns deuses, como Odin, desempenhando papéis decisivos durante a narrativa.

Como é comum na mitologia nórdica, os deuses acabam entrando em apuros. Nesse caso em particular, o problema envolve o anel que foi roubado por um Nibelungo (seres humanoides de baixa estatura). Essa aventura apresentará diversas batalhas e nomes do folclore germânico, como Siegfried, o herói.

Tudo se desenrola de maneira crível e emocionante, claro que marcado por um belo drama teatral, personagens que cometem erros ingênuos e um final nada convencional.

“Porque o homem livre tem que mudar a si próprio […]” p. 140

Semelhanças com Tolkien

É inegável as semelhanças entre a obra de Tolkien e a ópera Richard Wagner que o leitor encontrará ao longo de sua jornada. Temos um anel que dá a seu portador a capacidade de ficar invisível, por exemplo, além de várias outras semelhanças (como o poder de dominar o mundo que esse mesmo anel garante).

Talvez Tolkien tenha lido Wagner, ou talvez ambos tenham bebido da mesma fonte, mitologias como a nórdica, a germânica e a eslava. Quem é fã do criador dos hobbits certamente irá apreciar a ópera wagneriana.

Por ser uma ópera, a escrita dá-se em forma de teatro, em versos. Wagner demorou cerca de vinte e seis anos para finalizar o libreto (o texto que lemos) e a música de O anel do Nibelungo, que é dividido em quatro partes. A ópera completa demora quatro noites para ser apresentada, com um total de quinze horas (seria muito legal assistir a essa apresentação)!

Leitura fácil, rítmica e cheia de surpresas. Conhecer essa bela composição vai agradar qualquer um que gosta de histórias fantásticas, além de aficionados por música clássica. É um kit completo!

“Um encantamento ardente / Cativa meu coração; / Trespassa meus olhos: / Meus sentidos cambaleiam e desfalecem!” p. 284

Sobre a edição

A Editora Barbudânia é independente e seu único funcionário é seu criador, Artur Avelar. Por isso só encontramos a obra na Amazon, já que se trata de uma publicação independente. A edição física, impressa pela própria Amazon, apresenta acabamento em brochura, capas sem orelhas, miolo em papel off-white e uma boa diagramação. Também é possível encontrar o livro em e-book.

Artur Avelar, além de ser o dono da editora, foi também o tradutor da ópera. Utilizou uma edição em inglês como base, fazendo cotejos com o original em alemão. Gostei da tradução, ficou bastante fluída. Avelar também foi o tradutor do Edda em prosa, livro que já resenhei aqui.

Para deixar o livro mais elegante, há a inclusão de sessenta e quatro ilustrações feitas por Arthur Rackham especialmente para a ópera. Essa é a chance do leitor brasileiro poder apreciar O anel do Nibelungo de forma integral.

“Deleitem seus olhos / Neste par abençoado! / Separados, quem nos dividiria? / Divididos, eles nunca vão se separar!” p. 308

Conclusão

Uma ópera, acredito, não é elaborada para ser lida, ao menos não num primeiro momento. Seu compositor possui o desejo de apresentá-la, com atores e uma orquestra, uma grande produção (como também Wagner quis). Porém, existem certas óperas que se tornam grandes obras literárias.

É o caso de O anel do Nibelungo, que apresenta uma história fantástica, que gira em torno de um anel mágico e envolve heróis, monstros, deuses antigos e muitas batalhas e traições e cobiça.

Leitores de O Senhor dos anéis ficarão boquiabertos ao encontrar muitas semelhanças entre as obras. Claro que esse não é o ponto principal, estou falando sobre uma leitura rica e fluída, mas esse é um detalhe que não pode passar despercebido!

Se você gosta de fantasia, mitologia, poesia e música, não perca tempo é conheça logo essa incrível ópera de Richard Wagner!

Minha nota (de 0 a 5): 4,5

Livro O anel do Nibelungo Richard Wagner
Uma edição independente, que surpreende pela qualidade do material utilizado.

Título: O anel do Nibelungo: A ópera
Autores: Richard Wagner
Editora: Ed. Barbudânia
Ano: 2019
Páginas: 400
Tradução: Artur Avelar
Encontre este livro na Amazon:https://amzn.to/2J2djO8

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Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.

Autor: Alan Martins

Graduado em Psicologia. Amante da Literatura, resenhista e poeta (quando bate a inspiração). Autor e criador do Blog Anatomia da Palavra. Não sou crítico literário, porém meu pensamento é extremamente crítico. Atualmente graduando em Letras.

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