A incompetência governamental brasileira e a desvalorização da cultura

Museu Nacional do Rio de Janeiro Frente
Frente do Museu Nacional. Editado sobre imagem de Paulo R. C. M. Jr. Wikimedia.

Além de uma perda irreparável para o país, a tragédia do Museu Nacional evidencia a incompetência governamental e a desvalorização da nossa cultura.

O incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, é um reflexo da situação atual da “Cidade Maravilhosa”. Não sou carioca, mas, lendo as notícias diárias, sei que a cidade não vai bem. Aliás, o país todo se encontra na mesma situação ruim. Essa tragédia não representa apenas uma enorme perda para o Rio de Janeiro, mas para todo o país.

Muito de nossa história, cultura e ciência fazia parte do acervo do Museu Nacional, que é vinculado à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Itens antigos, de diversas partes do mundo, foram destruídos pelas chamas. A cultura brasileira perdeu, e muito, com essa tragédia. Temos que admitir que a representatividade da cultura brasileira não é tão forte assim, o que torna a tragédia ainda maior.

É triste pensar nisso, até mesmo revoltante. Para piorar, infelizmente, há quem tente tirar vantagem até mesmo das piores situações. Temos que lembrar que 2018 é ano eleitoral e muitos políticos já estão se aproveitando desse fato, na tentativa de se promover, conseguir alguns votos. Devemos ficar espertos com os oportunistas que surgirão.

Acima de tudo, a destruição do Museu Nacional evidencia o descaso de nossos políticos em relação a nossa cultura, que também não é muito valorizada por nós, a população. Um incêndio desse tipo não é resultado do acaso, mas sim de anos e anos de falta de investimento em infraestrutura e segurança. Segundo uma reportagem da BBC Brasil, muitos alertas de risco foram ignorados pela administração do Museu Nacional, como fiação exposta, gambás e cupins. Problemas já eram apontados desde 2004.

Não é justo responsabilizar um governo ou outro. Todos têm sua culpa e essa situação demonstra como a iniciativa pública brasileira é altamente incompetente. De acordo com outra reportagem, também da BBC Brasil, em dez anos, ao menos oito prédios, contendo tesouros culturais e científicos do país, foram destruídos por incêndios. Sendo realista, é difícil ver uma instituição administrada por algum governo que seja um modelo de eficiência. Até a Biblioteca Nacional, que armazena milhões de itens, está sem alvará do Corpo de Bombeiros há pelo menos dois anos, como indica o Jornal O Globo.

Esperar por investimentos culturais do governo brasileiro é complicado. Nesse post do Spotniks, Rodrigo da Silva levantou alguns dados, que demonstram como nossos governantes estão mais preocupados com o próprio umbigo do que com qualquer assunto de interesse nacional. A previsão de gastos para a preservação do patrimônio cultural das cidades históricas, para 2018, é de R$ 16,2 milhões, o que é menos da metade do que o governo gastou só com material de cama, mesa e banho com a máquina pública federal em 2016! Sem falar que gasta-se muito com futilidades, como carros oficiais, auxílio-moradia de parlamentares e com armazenamento de documentos em papéis, quando a prioridade deveria ser educação e saúde, entre tantas outras coisas das quais o Brasil carece.

Custa caro manter a máquina pública, que não tem como prioridade o cidadão brasileiro, muito menos nossa cultura. O Estado brasileiro é custoso e ineficiente, negar isso é ir contra a realidade. Por que precisamos tanto do governo assim? Quanto mais ele tenta nos tornar dependentes, mais problemas surgem e nossa situação só piora, a cada dia. Será que não delegamos poder demais a um Estado inchado e incapaz? A parlamentares que se importam mais com seus benefícios pessoais do que com o bem do país?

Temos que lamentar mesmo a destruição do Museu Nacional, pois, se continuarmos seguindo pelo mesmo caminho, outras tragédias irão acontecer, em diversos setores. A cultura e a educação não são muito valorizadas no Brasil, muito menos pelos nossos políticos. Talvez seja por isso que há aqueles que os idolatram. Se há um salvador da pátria (o que acho difícil), ele não está no meio político.

Alan Martins


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Autor: Alan Martins

Graduado em Psicologia. Amante da Literatura, resenhista e poeta (quando bate a inspiração). Autor e criador do Blog Anatomia da Palavra. Não sou crítico literário, porém meu pensamento é extremamente crítico. Atualmente graduando em Letras.

13 pensamentos

  1. “ChronosFeR2” me ha traído hasta aquí y me alegro porque me gusta lo que he encontrado. Mucho ánimo para continuar con tu proyecto. Beleza.
    Me encantaría invitarte a tomar un té con hierbabuena en “El zoco del escriba” para seguir hablando de lo que prefieras.
    Alberto Mrteh (El zoco del escriba)

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  2. Fiquei muito triste com a noticia ia lá um dia antes da tragédia mas não deu pra ir fiquei até arrependida! Quando euf ui no museu, isso com os meus 14 anos o museu já tava com problemas e uma parte estava fechada e isso continuo quando voltei com os meus 16 então isso foi só um resultado do que já vinha acontecendo a muito tempo, infelizmente aconteceu o pior, é uma pena que nesse país não se dar valor a cultura.

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    1. Como alguns jornais noticiaram, se tratava de uma tragédia anunciada. Ninguém tomou providências para resolver os problema que já apareciam e que eram muitos. É uma pena ver nossos patrimônios culturais dessa forma, largado às traças.

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      1. Verdade! Agora só nos resta lamentar e torcer para que nenhum outro patrimônio histórico e cultural seja destruído dessa forma, porque esse não foi o primeiro infelizmente.

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    1. Pessoas críticas e elucidadas são o terror de um governo. Pouco investimento em educação é o meio de políticos se manterem no poder, pois, dessa forma, fica fácil comprar votos oferecendo misérias. Um governo muito grande é um monstro que nenhuma população deve alimentar.
      Pensando pelo seu ponto de vista, que veio a contribuir!
      Grande abraço.

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