E tudo começou, outra vez

Fevereiro, para quem é aluno/universitário, significa início de aulas. O começo é difícil, as férias nos deixam desacostumados, fora de forma. Mas, saber que esse é o meu último ano de faculdade me anima a continuar com força total (espero estar pensando assim daqui três meses).

Dizem que o ano começa após fevereiro; não sei. Sei que depois vem mais trabalho, até porque há como descansar um pouco em fevereiro, o mês do carnaval. Março significa estágio, a vida volta a ficar corrida.

O menor mês do ano trouxe boas leituras e bons índices para o blog, um bom início de ano. A frequência de postagens manteve-se, o conteúdo está bem diversificado, parece que está no caminho certo. Mas, falando em leitura, como virou costume por aqui, vamos ao ranking do mês de fevereiro. Tem alguma ideia de qual livro ficou em primeiro lugar? Continue lendo e descubra!


Capa do livro Sempre Vivemos no Castelo de Shirley Jackson4° Sempre vivemos no castelo – Shirley Jackson (Suma de Letras, 2017): Obra escrita por uma das autoras estadunidenses mais populares dentro do gênero terror e mistério, que influenciou autores como Neil Gaiman e Stephen King. Esperava muito mais do livro, os comentários sobre a autora são grandiosos, entretanto, não consegui ver essa grandiosidade nesse trabalho. Uma história confusa e que caminha a lugar algum. Protagonistas sem graça, nada carismáticas; me repeliram mais do que cativaram. Merricat e sua irmã vivem às sombras de uma tragédia que acometeu sua família. Há uma representação da agorafobia, um medo extremo de locais abertos, com muita gente. É interessante a autora representar a fobia em sua história, porém apenas isso não ajuda muito, já que a narrativa não contribui para deixar o livro mais interessante. Há alguns raros momentos de humor negro que são legais e a relação entre as irmãs é bem forte. Tirando isso, trata-se de um livro bem fraco. Veja meu post sobre o livro AQUI.


Capa do livro Medo clássico Lovecraft vol. 13° Medo clássico, vol. 1 – H. P. Lovecraft (DarkSide Books, 2017): Mais uma coletânea de contos do ícone da literatura de terror, H. P. Lovecraft, desta vez publicada pela DarkSide Books, editora conhecida pelos seus livros com belos projetos gráficos, chamativos. Como era de se esperar, a edição está muito bonita, repleta de extras e ilustrações, coisas que os fãs adoram. Foi publicada com duas opções de capa, existe a Miskatonic Edition e a Cosmic Edition, a diferença fica apenas na capa, pois o conteúdo das duas versões é o mesmo. Os contos presentes nessa antologia não são os melhores, ao menos achei-os entediantes e maçantes; são grandes histórias de aventura, relatos em primeira pessoa, sem diálogos, longas descrições de algo que ocorreu com os narradores. O único conto que se salva é ‘Herbert West: Reanimator’, uma verdadeira história de horror. Um outro ponto negativo para esse livro é a sua tradução. As escolhas de palavras que o tradutor utilizou não são as que mais se encaixam nas cenas (às vezes) e o trabalho parece um tanto quanto literal. Não que seja ruim ou errônea, porém não me agradou; daria para ser melhor. Veja minha análise completa sobre esse livro AQUI.


Capa do livro Sobre a Morte de Arthur Schopenhauer2° Sobre a morte – Arthur Schopenhauer (WMF Martins Fontes, 2013): A morte é um dos temas que mais intrigam a humanidade, sempre mexeu com a imaginação e com os medos de todos; e sempre continuará mexendo, já que somos seres capazes de raciocinar abstratamente, sabemos de antemão que iremos morrer algum dia. O que acabei de dizer é uma das ideias do filósofo Arthur Schopenhauer, que não obteve o devido reconhecimento em vida. Hoje enxergamos sua genialidade e esse livro é um bom exemplo. Suas observações e ideias sobre a morte são precisas, baseadas em um raciocínio bem estruturado. Não é por menos que sua filosofia influenciou a psicologia, a literatura e diversas outras ciências. Ler esta obra é abrir a mente para uma nova visão sobre esse fato que chega a todos. Boa edição, com uma ótima tradução, contando com a revisão técnica de um profissional da Filosofia. Schopenhauer nos estimula a ver a morte de maneira positiva, não como algo ruim. Já eu, recomendo a você que leia esse livro e que também veja minha resenha, clicando AQUI.


Capa do livro Crime e castigo de Fiódor Dostoiévski1° Crime e castigo – Fiódor Dostoiévski (Martin Claret, 2013): Considerada a obra-prima de Dostoiévski, um dos maiores nomes da literatura russa, um dos principais da chamada “Era de Ouro”. Apesar de seu estilo pouco polido e extenso (Dostoiévski colocava a pena sobre o papel e escrevia tudo o que vinha à mente), ele conseguia descrever o íntimo do ser humano como poucos fizeram na história da literatura. ‘Crime e castigo’ é um bom exemplo dessa habilidade do autor, descrevendo as indagações interiores de Raskólnikov, o protagonista, que vive cheio de conflitos internos. Esse romance também funciona como uma grande crítica a pensamentos e filosofias que estavam em alta no século XIX e é incrível a sutileza dessa crítica, que está presente em detalhes, na personalidade das personagens. Um romance clássico, que merece ser lido e que enriquecerá o leitor. A literatura russa é muito rica em detalhes e seus autores são verdadeiros mestres. Bela edição em capa dura, com a brilhante tradução, direta da russo, feita por Oleg Almeida (que me concedeu uma entrevista falando sobre tradução e poesia, e você pode visualizá-la clicando AQUI), conseguindo capturar as estranhezas e os nuances da escrita de Dostoiévski. Conheça mais sobre o livro lendo minha análise, clicando AQUI.


Como foi o mês de fevereiro para você? Espero que tenha sido nada menos que ótimo! Comente aí e diga, também, o que achou desse ranking. Se ainda não leu algum desses livros, ficam as dicas!

Obrigado pela visita e que março seja um grande mês a todos nós.

Abraço.

Alan Martins

Um homem dando de ombros
Editado sobre imagem de Sutha Kamal, publicada sob Licença (CC BY-SA 2.0). Disponível em: https://flic.kr/p/5gpr2a.

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Autor: Alan Martins

Graduado em Psicologia. Amante da Literatura, resenhista e poeta (quando bate a inspiração). Autor e criador do Blog Anatomia da Palavra. Não sou crítico literário, porém meu pensamento é extremamente crítico. Atualmente graduando em Letras.

12 pensamentos

  1. Fevereiro foi um mês perturbador para mim. Bagunçou a minha realidade de uma maneira insana. Menos dias que resultaram em um caos que demorou para eu dar conta. Ufa… e á é dia 19 de março. rá

    bacio

    Ps. Não conhecia esse exemplar da Martin Claret. Ele é traduzido do Russo como o da 34?

    Curtido por 1 pessoa

  2. Que bom que o teu mês de fevereiro foi bom e produtivo, gerando boas leituras…
    O meu gerou 1/4 de um livro e 1/3 de outro… hahaha xD
    Mas escrevi algumas coisas, tenho projetos novos. Foi fixe também 🙂

    Curtido por 1 pessoa

    1. Olha, sinceramente, eu recomendaria uma outra coletânea, não gosteis dos contos contidos nessa edição que apresentei, apesar de ela ser linda. Lovecraft tem contos bem melhores.
      Obrigado pela visita!
      Grande abraço. 🙂

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    1. É uma capa bem bonita, edição em capa dura. Só não sei se o conteúdo irá te agradar, mas vale a pena arriscar!
      Acho que sentirei saudade da época de faculdade depois de um tempo, dos amigos. Vai deixar boas lembranças…
      Obrigado pela visita e pelas palavras!
      Abraço 🙂

      Curtido por 1 pessoa

  3. Admirável sua consistência e manutenção de ritmo de escrita. O esforço para os “relatórios” mensais e as opiniões! Bravo! Fico com inveja, porque,às vezes, minha preguiça vence o intento… Abraço e bom final de semana!

    Curtido por 2 pessoas

    1. É uma luta constante contra a preguiça! Às vezes, ao chegar cansado das aulas, já tarde da noite, a maior vontade é dormir, a preguiça bate ao pensar em escrever e editar imagens. Mas, o resultado é mais forte que tudo isso, assim como comentários como o seu, que me animam a continuar com o blog. Para quem tem um blog, esse trabalho é bem pessoal, colocamos nosso íntimo nele. Vê-lo crescer e trazer bons resultados é indescritível! Acho que esse é nosso maior incentivo.
      Muito obrigado pelas palavras que me estimulam a continuar!
      Grande abraço e bom início de mês!

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  4. pois é, Alan, quando começa mesmo o ano? para mim, sempre foi dia 1º de janeiro, dia 2 se útil já estava no trabalho e seguindo a vida. palavras à parte, tuas leituras são sempre um manancial de opções literárias da melhor qualidade. algumas já passaram por minhas leituras também, outras ainda não e esse número que colocas a nossa disposição é sempre um incentivo à leitura. bastaria isso, para dizer que o teu blog é um dos meios de grande incentivo á literatura. grande trabalho. continue sempre. muito obrigado. um grande abraço.

    Curtido por 1 pessoa

    1. É, para nós que trabalhamos, o segundo dia útil já marca o início do trabalho. Já na faculdade, as coisas ficam mais sérias só após fevereiro mesmo, onde tudo se encaixa e a engrenagem começa a girar. O desafio é mantê-la girando.
      Gosto de não me prender a um gênero literário, ler sempre a mesma coisa enjoa e desestimula. Acho que a diversidade também deixa o blog mais atraente, podendo agradar a mais pessoas, a diferentes gostos.
      Me alegro muito com suas palavras, dizendo que o blog é um incentivo à leitura. É o que busco ao escrever os posts e fico feliz em saber que o resultado é observável. Muito obrigado pelas palavras de incentivo!
      Grande abraço, um ótimo dia e um ótimo mês.

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