As gostosuras de outubro

Halloween Gostosuras Travessuras — *Imagem (editado): U.S. Air Force/Sgt. Darren Scott.*

Considerando que gostosuras são coisas boas e travessuras coisas ruins, posso afirmar, sem qualquer resquício de dúvida, que outubro foi um mês de gostosuras. Claro, nunca a vida apresenta apenas gostosuras, porém é preciso estar atento quando elas aparecem, aproveitando o momento, ou você acabará por prestar atenção apenas nas coisas ruins que ocorrem ao seu redor, nas travessuras da vida.

Em outubro, apresentei, com o grupo de estágio do qual faço parte, dois trabalhos acadêmicos sobre nossa área de estágio: o campo hospitalar. Foram dois trabalhos distintos, um falando sobre as distorções cognitivas que surgem em pacientes internados, o outro sobre a medicalização da vida, muitas vezes feita de forma irresponsável. Foram duas experiências enriquecedoras, que levarei para minha vida.

Também foi um mês de boas leituras. Só agora, ao escrever este post, reparei que, em outubro, só li obras de século XX. Bons livros, um bem diferente do outro. Como é de costume, apresento o ranking, classificando as melhores leituras. Quem será que ficou com a primeira colocação dessa vez? Continue lendo e descubra!

4° O presidente negro – Monteiro Lobato (Globo, 2009): Em seu único romance adulto publicado, Monteiro Lobado, um dos autores brasileiros mais conhecidos, apresenta uma história de ficção científica, onde prevê um homem negro assumindo a presidência dos Estados Unidos num futuro distante. Livro que tem uma premissa interessante e que foi muito bem escrito, afinal, Monteiro Lobato foi uma pessoa muito erudita. Entretanto, a imagem do livro ficou um pouco manchada devido ao tom preconceituoso de algumas expressões. De certo modo, a obra dá a entender que a eugenia é uma ideia boa, e acaba colocando os negros como inferiores, menos capacitados. O autor foi um homem de seu tempo, onde esse tipo de pensamento era comum e aceito na sociedade. Mas, mesmo naquele tempo, já havia quem discordasse dessas ideias. Se fosse publicado originalmente em 2018, ‘O presidente negro’ causaria muita polêmica. Leia minha resenha AQUI.

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3° Espere agora pelo ano passado – Philip K. Dick (Suma, 2018): Um título bem interessante para um livro de ficção científica, não? Dá uma ideia de viagem no tempo, o que ocorre muito na obra de PKD e ocorre também nesse livro. O ano é 2055 e a Terra se aliou ao planeta Lilistar numa guerra contra criaturas extraterrestres, conhecidas como reegs. Esse acordo não foi bom para a Terra e seu líder, Gino Molinari, vê-se em uma complicada situação. O cirurgião Eric Sweetscent, ao ir trabalhar para Molinari, acabará se envolvendo em eventos cruciais para o desenrolar dessa guerra interplanetária, ainda mais após ele conhecer os efeitos de uma nova droga, a JJ-180, que é capaz de transportar seu usuário para realidades alternativas. Leitura que demora um pouco para engrenar, mas quando o faz, o ritmo não diminui mais. Mesmo não sendo a melhor obra de PKD, é uma leitura recomendada, obra inédita no Brasil. Conheça mais sobre o livro AQUI.

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2° O velho e o mar – Ernest Hemingway (Bertrand Brasil, 2016): O livro que consagrou Ernest Hemingway, um dos nomes mais importantes da literatura do século XX. Com esse livro, ele foi agraciado com o Prêmio Pulitzer, além de ter sido citado na cerimônia do Prêmio Nobel de 1954. Trata-se de um livro bem curto, que apresenta um enredo simples, mas apresentando uma grande mensagem de superação. O velho pescador Santiago, que vive em Cuba, está sendo considerado um grande azarado, por não conseguir pescar nada há mais de oitenta dias. Decidido a mudar isso, ele se lança ao mar, em busca do maior peixe que já conseguiu pescar em toda sua vida. A escrita de Hemingway era simples, sem fazer uso de muitos adjetivos, considerada por muitos quase que uma linguagem jornalística. Isso deixa a leitura mais simples e mais fluída. Hemingway não precisou de muitas páginas para escrever uma grande história; foi um autor extremamente hábil. Um clássico moderno. Acesse minha resenha AQUI.

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1° Memórias de Adriano – Marguerite Yourcenar (Folha de S.Paulo, 2003): Com muita habilidade, demonstrando toda sua erudição, conhecimento histórico e linguístico, Marguerite Yourcenar escreveu a autobiografia fictícia de um dos imperadores romanos mais conhecidos e estudados. A autora se colocou no papel do imperador Adriano, que governou o Império Romano de 117 a 138, sendo, apesar de um totalitário e autoritário, alguém que se importou com o seu povo, que teve a vontade de melhorar a vida das pessoas, procurando uma pacificação de seu império, além de buscar uma maior difusão cultural. É incrível como a autora conseguiu entrar na pele e no psicológico do imperador; sem a informação de que se trata de uma obra fictícia, poderíamos dizer que o livro foi escrito pelo próprio Adriano. Escrito em primeira pessoa, como uma carta de Adriano a Marco Aurélio, o enredo aborda toda a vida do imperador, desde sua juventude, sua chegada ao poder, até os últimos dias de sua vida, onde ele sofre de uma grave doença. Com esse livro, a autora mostrou que até os mais poderosos têm seus momentos de fraquezas e suas inseguranças. Obra escrita com muita sensibilidade e muita habilidade. Quem gosta de História, principalmente do Império Romano, deveria conhecer ‘Memórias de Adriano’, um livro que despertou o interesse de muita gente pela vida do imperador Adriano. Você pode ler minha resenha AQUI.