Minhas Leituras #86: O menino do pijama listrado – John Boyne

menino do pijama listrado capa livro

“Simples e emocionante”

Título: O menino do pijama listrado
Autor: John Boyne
Editora: Seguinte
Ano: 2017
Páginas: 328
Tradução: Augusto Pacheco Calil
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“Só porque um homem olha para o céu à noite, isso não faz dele um astrônomo, sabia?” p. 130 (BOYNE, John. O menino do pijama listrado. Seguinte, 2017, p. 82)

Traduzido para dezenas de idiomas, ‘O menino do pijama listrado’ já vendeu milhões de exemplares ao redor do mundo e, para comemorar o aniversário de dez anos de sua publicação original, ganhou uma edição especial, ilustrada por Oliver Jeffers.

Apaixonado pelos livros

John Boyne nasceu na Irlanda, em 1971. Desde muito cedo cultivou o sonho de tornar-se um escritor. Para fortalecer ainda mais esse sonho, ele começou a trabalhar em uma livraria, para ficar perto dos livros, um ambiente inspirador.

Escreveu diversos livros de sucesso, tanto obras para adultos, quanto infanto-juvenis. Seu livro de maior sucesso é ‘O menino do pijama listrado’, que lhe rendeu dois Irish Book Awards e foi adaptado para o cinema em 2008. Segundo o autor, o primeiro rascunho desse livro foi escrito em apenas dois dias!

Uma das principais características dos romances de Boyne são seus protagonistas inocentes, que veem o mundo sem maldade, mas acabam por sofrer ao descobrir que a realidade pode ser muito dura. E sobre isso, ele consegue escrever muito bem.

“O problema da exploração é que você precisa saber se aquilo que encontrou valeu a pena ser encontrado.” p. 173

No meio do nazismo

A história desse livro se passa na Alemanha nazista, durante a Segunda Guerra Mundial. O protagonista é Bruno, um menino de nove anos de idade, que vive em Berlim. Seu pai é um militar que acabou de ser promovido a Comandante pelo próprio Führer.

Por conta do novo cargo do pai, a família acaba tendo que se mudar. A nova casa não agrada o menino; fica longe de Berlim e é um local muito isolado, repleto de soldados trabalhando. Sem ter amigos com quem brincar, Bruno decide explorar o local e descobre uma grande cerca, onde, do outro lado, há pessoas “vivendo”, pessoas que usam pijamas listrados.

Sem compreender tudo aquilo que está acontecendo ao seu redor, Bruno, com muita inocência e de uma forma nada agradável, conhecerá uma das maiores atrocidades que os nazistas cometeram durante a Segunda Guerra. Com seu novo amigo Shmuel (o menino do pijama listrado), ele descobrirá a cruel realidade de um campo de concentração.

“Nossa casa não é uma construção, ou uma rua, ou uma cidade, ou coisa alguma tão artificial quanto os tijolos e a argamassa. O lar é onde mora a família de alguém, não é mesmo?” p. 82

Simplicidade é a chave

Esse é um livro de escrita muito simples, clara. A narrativa é feita em terceira pessoa, porém pelos olhos de Bruno, por isso toda a simplicidade e inocência. São características que notamos em suas falas e em seus pensamentos. Por exemplo, ele confunde o nome do local de sua nova residência e entende de maneira errônea o título de Führer. E essa inocência expõe ainda mais tudo aquilo que os nazistas fizeram de ruim, deixa tudo mais evidente.

Talvez nem todo soldado quisesse cometer as barbáries que aconteceram nessa época, todavia, como o livro mostra, as crianças eram estimuladas desde cedo a idolatrar o Führer. E os jovens adultos rapidamente adotavam a ideologia, quando eram enviados ao exército, acreditando estarem lutando pela reconquista da antiga glória de seu país.

Boyne escreveu uma obra que mostra muito bem como o nazismo não poderia trazer nada de bom e como a ideologia nazifascista destruiu a vida de milhares de judeus e também a de milhares de famílias alemãs. Apesar de o livro ter recebido algumas críticas em relação a sua historicidade, é preciso ter em mente que se trata de uma fábula, onde a real intenção não é ser historicamente preciso, mas sim mostrar como o nazismo dizimou incontáveis vidas inocentes.

“Pais devem ser sérios, não importa se são quitandeiros ou professores ou chefs de cozinha ou comandantes.” p. 45

Sobre a edição

Edição (muito bonita) em capa dura, miolo em papel Pólen Soft, com uma diagramação muito boa (a fonte é grande, e o espaçamento entre linhas, generoso). O livro é ilustrado por Oliver Jeffers, que foca nas cores azul e vermelho, um contraste entre a inocência e a maldade. São ilustrações que complementam a narrativa. O livro é bem curto, o que aumentou o número de páginas foram as ilustrações e a diagramação.

Tradução de Augusto Pacheco Calil, que realizou um bom trabalho, adaptando muito bem alguns termos. A escrita do autor não é complicada, então o tradutor não deve ter tido muita dificuldade.

“Situações como aquela sempre deixavam Bruno num grande desconforto, porque, em seu coração, ele sabia que não havia motivo para faltar com a educação a ninguém, mesmo que a pessoa trabalhasse para você.” p. 105

Conclusão

Uma história que envolve o nazismo, contada de um jeito simples, nada explícito, mas sem deixar de criticar todo o sofrimento que o governo de Hitler impôs aos judeus e ao seu próprio povo. A ideologia nazifascista destruiu inúmeras vidas inocentes, acabou com os sonhos e com a infância de milhares de crianças. O livro consegue, de maneira nada complicada, falar sobre tudo isso, ao mesmo tempo em que consegue chocar e emocionar. É uma história triste, assim como foi todo o período da Segunda Guerra Mundial. A narração é em terceira pessoa, mas passa através do olhar de Bruno, um menino de nove anos de idade. Dessa forma, algumas descrições são imprecisas, é a visão de uma criança (exemplo: em nenhum momento é dito o que os soldados nazistas estão fazendo). Por isso é importante que o leitor esteja atento aos detalhes, e que tenha algum conhecimento sobre a Segunda Guerra Mundial. Essa edição comemorativa é muito bonita e contém ilustrações de Oliver Jeffers, que dão um charme especial ao produto. Se você já assistiu ao filme, o livro apresenta uma experiência um pouco diferente, mais pessoal. Uma leitura que vai te emocionar.

“[…] temos que procurar fazer o melhor de uma situação ruim.” p. 39

Minha nota (de 0 a 5): 4

Alan Martins

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Autor: Alan Martins

Graduado em Psicologia. Amante da Literatura, resenhista e poeta (quando bate a inspiração). Autor e criador do Blog Anatomia da Palavra. Não sou crítico literário, porém meu pensamento é extremamente crítico. Atualmente graduando em Letras.

15 pensamentos

    1. Quando assisti ao filme, eu ainda era adolescente. Mas me lembro de ser tocante mesmo. O filme mostra tudo, diferente do livro, que depende do entendimento do leitor, por não descrever tudo o que ocorre. São maneiras diferentes de olhar para uma mesma história. Recomendo a leitura, acho que vai gostar.
      Abraço!

      Curtir

    1. Acho que ambos transmitem emoções de formas distintas. O filme choca mais, por ser mais gráfico. Já o livro passa muito bem o sentimento de inocência do protagonista. Recomendo a leitura, verás que será uma experiência diferente!
      Grande abraço!

      Curtido por 1 pessoa

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