Futebol e intolerância

Na última sexta-feira, dia 06 de julho, a Seleção Brasileira de Futebol foi eliminada da Copa do Mundo pela equipe da Bélgica. Acontece, é um jogo, o time não vinha jogando bem e já faz tempo que o Brasil não chega à final desse torneio. Seleções muito melhores que essa de 2018 não conseguiram vencer a Copa. Faz parte.

Em nosso país, o futebol não é apenas um esporte, é também parte de nossa cultura. Uma das poucas coisas nas quais nos destacamos no cenário internacional é nesse esporte, que possui grande representatividade mundial. Num país cheio de problemas, é preciso se orgulhar das poucas coisas que são realmente boas (e o futebol é uma delas). Ademais, para os mais pobres (que compõem grande parte de nossa população), esse esporte é uma saída, uma maneira para conseguir uma vida melhor, sendo a grande esperança de muita gente.

Temos que levar em conta que o futebol mexe com as emoções de muitos torcedores de forma bastante pessoal, assim como uma paixão. E isso faz algumas pessoas cometerem atos infelizes, como o que aconteceu com o jogador Fernandinho, que fez um gol contra no jogo contra a Bélgica e não realizou uma boa atuação. Como mostram os sites UOL e Gazeta Esportiva, muitas pessoas deixaram críticas pesadas, algumas de cunho racial, nas redes sociais do jogador.

Esse triste fato evidencia um outro ponto negativo sobre o Brasil: a intolerância. Criticar é um direito de todos, mas ofender é algo bem diferente. Tudo bem falar que o cara jogou mal (a maioria dos jogadores não jogou bem e a comissão técnica não fez boas escolhas, não há apenas um culpado), porém é preciso ter bom senso, o atleta também é humano, tem seus sentimentos e uma família. Violência verbal passa muito longe de ser uma crítica.

Devido toda essa questão cultural que o futebol representa no Brasil, às vezes pode ser difícil separar o esporte do lado pessoal. Por outro lado, temos a intolerância. É necessário ter a noção de que em uma partida de futebol haverá um perdedor e um vencedor, seja no tempo regulamentar, ou numa decisão por pênaltis; nem todo jogo será bem jogado, a vida segue. Além disso, esse é um esporte que envolve muito dinheiro, muitos interesses. Um patrocinador que investiu pesado em um atleta não vai querer vê-lo fora de uma partida importante. Futebol não é apenas paixão pelo esporte, mas também uma paixão pelos dólares que caem na conta. O esporte é um negócio que movimenta bilhões.

Criticar, zoar, brincar, tudo faz parte desse grande espetáculo que é o futebol, é a grande beleza, um dos fatores que instigam essa paixão do torcedor. Todavia, há que existir o bom senso. Não é ser politicamente correto, é, na verdade, ser humano, ter empatia, se colocar no lugar do outro (você gostaria de ser humilhado?). O caminho da ofensa jamais será o correto. Esse episódio triste que aconteceu com o jogador Fernandinho mostra que temos que praticar mais a empatia e a tolerância. Isso pode ser feito através da educação, que requer mais investimento e valorização, por parte de todos, não apenas do governo.

Apenas quem está dentro do campo ganhará algo (muito dinheiro, aliás). O futebol é um esporte que envolve o interesse de muitos, assim como o evento Copa do Mundo. Aqueles que estão fora dos gramados, torcendo, ganharão muito mais ficando calados do que fazendo ofensas a jogadores. Ou podem aprender a fazer críticas que não sejam discursos de ódio, carregadas de intolerância e violência.

Alan Martins

Foto Seleção Brasileira Futebol 2018
Editado sobre imagem de Granada, publicada sob Licença (CC BY-SA 4.0). Original disponível em: https://pt.wikipedia.org/.

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Autor: Alan Martins

Graduado em Psicologia. Amante da Literatura, resenhista e poeta (quando bate a inspiração). Autor e criador do Blog Anatomia da Palavra. Não sou crítico literário, porém meu pensamento é extremamente crítico. Atualmente graduando em Letras.

7 pensamentos

  1. Esse “linchamento” virtual mostra o quanto estamos longe da civilidade. Preconceito e ódio em forma de palavras, tudo possibilitado pelas redes sociais. Contudo, não acredito que este seja um movimento novo. Sempre houve esse tipo de comportamento, só não havia a ferramenta para tornar isso público.
    Muita boa reflexão.
    Abraço.

    Curtido por 1 pessoa

    1. A internet facilitou muita coisa, e também facilitou que o ódio seja expressado, por pessoas que já carregam esse ódio. Isso não é culpa da internet, é apenas uma consequência dessa nova Era, da informação instantânea. É algo para se ficar de olho, vai ser um grande debate para o futuro próximo. Só a educação mesmo para melhorar essa situação, algo que o Brasil precisa muito.
      Fico feliz que tenha gostado do texto. Obrigado pelo comentário!
      Abraço.

      Curtido por 1 pessoa

  2. Very well put, Alan. I can only imagine what happens to the samba team (so far, the one and only five-time World Cup champion—and in four different continents, at that).

    Even to us (my team has never qualified for the World Cup just yet), things like this do happen sometimes. The warriors (athletes) go all sweat and tears (and at times, earn the glory), but one too many times we, the spectators, just want to play god.

    Quite a good read. 🍸

    Curtido por 1 pessoa

    1. Good point. We can judge, but not insult. The spectator wants to see a good match, wants the victory, but it’s necessary to be fair, polite. It’s a game, someone will win. We should learn how to lose, it’s part of the show.
      Thanks for your words!

      Curtido por 1 pessoa

  3. Vendo as coisas por um prisma mais abrangente, penso que é algo que está, também, intrinsecamente ligado às redes sociais. Elas têm os seus benefícios e recorro a eles, mas há um lado perverso que nos faz ver as coisas de forma mais radical, o que gera intolerância e desinformação. As pessoas sentem uma necessidade estranha em comentar, apenas porque sim, por se tratar do pseudo-fenómeno do momento, e entrar dessa forma na cadeia de reacções. Não têm ideia do que estão a dizer, não é isso que importa, é só mesmo para se sentirem especiais no momento. Somos controlados mais facilmente. Esse tipo de bullying extrapola o mundo do futebol, embora seja o desporto que apele mais ao nosso lado irracional. É muito triste que mesmo no contexto europeu (diferente da realidade do Brasil, é certo) há também uma maior intolerância que no nosso século já não se justifica. Lá está, a crise agora já não pode ser o escudo para tudo. Mas às vezes dá-me a impressão que ao mesmo tempo que se evolui, há um retrocesso paralelo. É um gosto agridoce, umas vezes mais doce, outras bastante amargo. Boa semana 🙂

    Curtido por 2 pessoas

    1. Olha, parece que as redes sociais despertaram nas pessoas o desejo se ser famoso, um caminho fácil para ser reconhecido. Então muitas fazem piadas de gosto duvidoso, memes para todo lado, sempre tentando conseguir muitos “likes”, ser o assunto do momento. A internet é um caminho curto para certa fama momentânea, porém algumas pessoas fazem de tudo para isso e acabam por fazer muita bobeira, comentários ofensivos, racistas, violentos. É preciso ter um limite, saber o que é engraçado e o que já passou do limite. É legal ter fama, mas não é necessário ser um idiota para consegui-la.
      Uma ótima semana para você!
      Abraço.

      Curtido por 2 pessoas

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