O que é Humanização e qual o papel do psicólogo nesse processo?

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Ter um contato direto com seres humanos coloca o profissional de a saúde em uma situação conflituosa. Se ele não ter um contato direto com esses conflitos, ele pode acabar se distanciando, evitando o contato. Esses profissionais são colocados diante de situações delicadas, onde qualquer erro pode ser fatal. Sendo assim, cuidar de quem cuida é uma forma de desenvolver ações em prol da humanização da assistência.

O que é humanização?

A humanização é um processo complexo, pois requer mudanças de comportamento que podem despertar insegurança; ademais, não é uma receita pronta, mas sim um processo que se desenvolve de acordo com a realidade de cada instituição.

Devido à necessidade de mudança nas políticas públicas, diversos projetos de humanização estão sendo desenvolvidos, em áreas como a saúde da mulher, humanização no parto e na saúde da criança. Humanizar é um processo que deve se constituir como uma vertente orgânica do sistema clínico de saúde, facilitando a relação entre profissionais e usuários e entre as unidades de saúde.

Muito mais que garantir os direitos dos usuários e seus familiares, a humanização visa também a garantia de melhores condições de trabalho para os profissionais. Trata-se de uma rede de construção permanente de laços de cidadania, enxergando o sujeito não apenas no nível individual, mas sim no coletivo.

O avanço tecnológico trouxe vários benefícios para a área da saúde, porém, ao mesmo tempo, apresenta ações desumanizadoras, já que a objetividade científica e técnica exclui a palavra do outro. Um hospital altamente tecnológico pode tratar seus usuários de maneira desumana, uma vez que o olhar é voltado apenas à doença, ao conhecimento científico, sem que se escute as necessidades e angústias do sujeito enfermo. Outro fator que pode ser desumanizante é a falta de condições para que os profissionais possam realizar suas funções, o que diminuis os níveis de resolubilidade.

As diferenças pessoais, culturais e históricas entre médico e paciente pode causar alguns problemas de compreensão, uma vez que o médico, como todo seu saber hierarquizado, talvez não ofereça a chance de entender as demandas do paciente, e este, por sua vez, talvez não consiga compreender tudo o que o médico lhe diz.

Pesquisas apontam que, quando a humanização é trabalhada, o ambiente hospitalar apresenta uma melhora e o tempo de internação é reduzido, acarretando no bem-estar dos pacientes e funcionários e em uma redução de gastos.

Não há como separar ética e uma assistência humanizada. A ética surge quando se percebe o outro, e perceber o outro é um passo importante para uma assistência humanizada. O trabalho com um ser humano deve ser feito com igualdade, aproximação e respeito. Para que esse processo de humanização ocorra, é necessário que médicos, enfermeiros, pacientes e corpo de diretores estejam envolvidos de forma harmônica.

O trabalho voluntário em hospitais é um fator fundamental para a humanização do atendimento, pois oferece um suporte emocional aos pacientes, além de facilitar o trabalho dos setores administrativo e clínico.

Humanizar um hospital vai além de considerar as demandas fisiológicas dos pacientes, mas igualmente as mentais.

Hoje os serviços públicos apresentam uma precariedade, o que fortalece a criação de planos de saúde e hospitais particulares, que só podem ser acessados por quem possui boas condições financeiras. Em hospitais públicos, o que determina a admissão do doente é a sua necessidade de tratamento, já em hospitais particulares, se o paciente não possuir condições de pagar pelo tratamento, ele sequer adentra o estabelecimento.

Curar doenças é muito importante, entretanto o cuidado para com ele é tão importante quanto. A pessoa deve ser o foco principal, não a doença. Mesmo que não haja uma cura, o sujeito ainda continua a existir, e ele deve ser tratado com toda dignidade necessária.

A contribuição da Psicologia

Em um hospital, o papel do psicólogo é lidar com sentimentos, uma vez que, ao ser internado, o paciente perde sua autonomia e independência.

Nota-se que um psicólogo hospitalar é de extrema importância para que a humanização ocorra. A doença pode provocar reações psicológicas graves, como ansiedade, medo e depressão; e o psicólogo mostra-se o profissional mais capacitado para lidar com essas demandas.

É muito raro considerarem a opinião do paciente nas decisões sobre seus cuidados, muito menos nas políticas de saúde. O trabalho dos psicólogos propõe uma discussão das condições de humanização no ambiente hospitalar, com o ímpeto de melhorar o sistema de assistência. Esse trabalho buscará resgatar a essência da vida do paciente, que foi interrompida pela doença e pela internação.

A importância do trabalho do psicólogo nas enfermarias e ambulatórios, com o passar do tempo, foi sendo considerada para o atendimento de forma humanizada, oferecendo uma maior compreensão da relação dos profissionais com o paciente e seus familiares.

Cabe ao psicólogo observar e ouvir a linguagem verbal e a não-verbal dos pacientes, já que é esse o profissional que pode oferecer-lhes conforto. Outra atribuição é a busca de informações sobre a história dos pacientes, afinal o diagnóstico, o prognóstico e técnicas de intervenção só têm importância quando não se considera apenas a doença, mas sim a pessoa doente.

Promover a diminuição da angústia, aumentar a integração da equipe técnica com os usuários são fatores capazes de mudar a impressão da população sobre os hospitais, fazendo com que essas instituições passem a ser vistas como locais que oferecem boas condições para a manutenção da saúde e recuperação.

Para que uma política de qualificação da saúde seja construída, a humanização deve ser vista como fundamental, e não como apenas como mais um programa a ser aplicado. É preciso que seja uma política que atue transversalmente em toda a rede de serviço hospitalar do Brasil.

Alan Martins

Referência Bibliográfica

MOTA, R. A.; MARTINS, C. G. de M.; VERAS, R. M. Papel dos profissionais de saúde na política de humanização hospitalar. Psicol. estud., 11-2, p. 323-330, ago. 2006.


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Autor: Alan Martins

Graduado em Psicologia. Amante da Literatura, resenhista e poeta (quando bate a inspiração). Autor e criador do Blog Anatomia da Palavra. Não sou crítico literário, porém meu pensamento é extremamente crítico. Atualmente graduando em Letras.

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