
Ao estudar padrões de comportamento, a medicina busca estabelecer padrões de normalidade se baseando em critérios estatísticos. Os termos utilizados em diagnósticos, encontrados no APA (Associação Psiquiátrica Americana) e na OMS (Organização Mundial da Saúde), foram criados com a finalidade de estabelecer uma comunicação entre os diferentes profissionais. O modelo médico, ao definir uma doença, acredita que uma terapêutica seja aplicável à todas as pessoas que apresentam sintomas, sendo essa terapêutica, em geral, farmacológica.
O modelo da psicologia clínica vem da medicina psiquiátrica e pode ser chamado de modelo quase-médico. É um modelo que se esbarra na dicotomia entre normal e patológico e considera as respostas “disfuncionais” como sintomas da doença, que é subjacente. A diferença entre esse modelo e o modelo médico é o de que, esta, acredita que nem sempre seja necessário utilizar fármacos no tratamento.
Raízes behavioristas
A abordagem comportamental baseia-se no Behaviorismo Radical e busca entender as variáveis de controle de diversos problemas humanos. Busca descrever causas, efeitos de variáveis e possíveis formas de modificar esses problemas. O mais importante nessa abordagem é o conhecimento da função que as respostas, trazidas pelos clientes, apresentam no ambiente onde estão inseridos.
Essa abordagem acredita que um comportamento será modificado se as variáveis do ambiente e as respostas do sujeito também forem. A maior ferramenta do analista do comportamento é a Análise Funcional. Com ela, pode-se encontrar as relações estabelecidas entre indivíduo e ambiente, dando a possibilidade de experimentação de modificações nessas relações. Descreve-se o comportamento dentro de determinadas circunstâncias (A) onde o indivíduo responde de tal maneira (R) e quais as consequências que mantém essa resposta (C). Essa abordagem não vê o indivíduo como doente, mas sim enxerga comportamentos disfuncionais (os “sintomas” apresentados são o resultado de comportamentos disfuncionais, que os mantém).
As técnicas e/ou procedimentos comportamentais são as relações estabelecidas entre indivíduo e ambiente, que propiciam o estudo sobre as formas de modificar essas relações. Esses procedimentos deram origem às técnicas terapêuticas mais atuais e muito difundidas, como a Psicoterapia Funcional Analítica (FAP) e a do Bloqueio a Esquiva. Também há a técnica, mais recente, de Implosão. Entre esses modelos, que visam integrar cognitivo e comportamental, pode-se citar os baseados no estudo do comportamento verbal e seus derivados, como as técnicas de Parada de Pensamento, Intenção Paradoxal; e as de treino de habilidades específicas, como Treino de Habilidades Sociais.
Uma técnica de resultados
Os terapeutas comportamentais podem treinar desde estudantes de psicologia, até parentes de clientes como acompanhantes terapêuticos, com a função de ensinar a aplicação de técnicas comportamentais. A obtenção de resultados positivos é muito maior quando a técnica é aplicada por um analista do comportamento ou terapeuta comportamental, baseando-se na análise do comportamento.
Utilizar uma técnica comportamental, a partir de uma descrição do DSM-IV ou CID 10, pode até fazer o “sintoma” desaparecer, porém a relação comportamental permanece, sob novas formas de resposta que tenham a mesma função que a anterior. Haveria uma substituição de sintomas. O diagnóstico psiquiátrico tradicional seria irrelevante. A área denominada Modificação do Comportamento não foi capaz de desenvolver a Análise Funcional por si e preocupar em suprimir respostas ou fortalecer outras. Somente a Análise Funcional pode indicar o que está faltando para que uma terapia apresente bons resultados.
Em defesa da Terapia Comportamental
O autor Banaco cita um cliente que apresentava pensamentos obsessivos de autolesão, onde o terapeuta, ao invés de utilizar a exposição aos pensamentos, resolveu aumentar o número de fontes de reforçamento sociais disponíveis a esse cliente, fruto de uma Análise Funcional.
A Terapia Comportamental recebeu críticas irracionais, até mesmo por parte da grande mídia. Já foi considerada uma técnica por profissionais ligados ao tratamento dos transtornos de comportamento. Há pessoas que não a consideram como um conjunto de procedimentos, mas apenas um único. As técnicas comportamentais são válidas e são úteis, entretanto, precisam ser empregadas num contexto terapêutico e devem ser formuladas por um profissional habilitado, sempre decorrente da Análise Funcional.
Referência bibliográfica
BANACO, R. A.. Técnicas cognitivo-comportamentais e análise funcional. In: KERBAUY, R. R.; WIELENS, R. C. (Org.). Sobre comportamento e cognição. Santo André: Arbytes, 1999. Cap. 9. p. 75-82.
Alan Martins
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