Minhas Leituras #47: O hobbit – J. R. R. Tolkien

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“O início de um mestre”

Título: O hobbit
Autor: J. R. R. Tolkien
Editora: WMF Martins Fontes
Ano: 2012
Páginas: 328
Tradução: Lenita Maria Rimoli Esteves e Almiro Pisetta
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“Se mais de nós dessem mais valor a comida, bebida e música do que a tesouros, o mundo seria mais alegre”. (TOLKIEN, J. R. R. O hobbit. WMF Martins Fontes, 2012, p. 281)

Um dos primeiros grandes sucessos literários do gênero fantasia, livro que deu início à saga do anel — que continua em ‘O Senhor dos anéis’ — além de marcar o começo de uma mitologia completa criada pelo grande mestre da fantasia.

Mestre da fantasia

John Ronald Reuel Tolkien (é melhor abreviado, né?), nascido em 1892, foi um escritor, poeta, filologista e professor universitário inglês. Formou-se e lecionou durante anos na prestigiada Universidade de Oxford. Porém, antes de iniciar a carreira de professor, serviu ao exército britânico durante a Primeira Guerra Mundial, também participando da Segunda como criptoanalista, decifrando códigos.

Seu grande conhecimento sobre línguas e a origem das palavras lhe rendeu um emprego na composição do Oxford English Dictionary. A fama de Mestre da Fantasia veio posteriormente, com a composição de sua mitologia, chamada de Legendarium, com ‘O hobbit’ e ‘O Senhor dos anéis’, e algumas publicações póstumas, editadas pelo seu filho Christopher.

Não é por menos que Tolkien é um autor tão cultuado até hoje, possuindo uma vasta e detalhada obra, cheia de imaginação e criatividade, além de um primoroso trabalho linguístico. Foi e continua sendo inspiração para diversos escritores, como seu grande amigo C. S. Lewis e diversos outros autores contemporâneos. Sem Tolkien talvez a fantasia não seria um gênero tão apreciado, seja em livros, filmes, séries e videogames.

“Então, anime-se, Bilbo, e não fique com essa cara amarrada. Animem-se Thorin e Companhia! Afinal de contas, essa expedição é sua. Pensem no tesouro no final, e esqueçam a floresta e o dragão, pelo menos até amanhã cedo”. p. 135

Aventura inesperada

No tranquilo povoado dos hobbits (seres humanoides, mais baixos que os anões, espertos, sorrateiros e de pés peludos), o Condado, vivia Bilbo Bolseiro, levando uma rotina comum de hobbit. Mas eis que, certo dia, surge à sua porta o mago Gandalf na companhia de treze anões, trazendo um convite para uma grande aventura.

Tendo convencido Bilbo a embarcar nessa jornada, eles partem em busca de um grande tesouro que pertencia aos anões, mas que fora roubado por um dragão, Smaug, que agora o possuía e protegia, sob a Montanha Solitária.

Ao longo dessa aventura, o grupo enfrentará diversos perigos e contratempos, fazendo novos amigos e descobrindo lugares novos, que guardam muitos segredos. Uma história que envolve magos, hobbits, anões, elfos, orcs e um dragão, elementos que se tornariam constantes e característicos de histórias de fantasia.

“’Todo dragão tem seu ponto fraco’, como dizia meu pai, embora eu tenha certeza de que não fosse por experiência própria”. p. 215

Escrito para crianças

Apesar de Tolkien ter dito, anos depois da publicação do livro, que não o escrevera diretamente para crianças, a narrativa possui um tom infantil, sem violência explícita, fazendo uso de canções cheias de rimas e com uma linguagem não rebuscada. Porém, muitos elementos não seriam adequados para crianças, se o livro fosse publicado pela primeira vez hoje. Há personagens que fumam e há uma certa violência, mesmo que não seja explícita, só que tudo é descrito de maneira inocente.

Ser um livro infantil não atrapalha em nada a leitura para um adulto, pois trata-se de um grande clássico infantil que todo adulto deveria ler, como escrevi em um outro post. É uma informação importante para não se decepcionar com a leitura.

Narrada em terceira pessoa, a história é muito criativa e rica em detalhes, além de cativante. Tolkien se inspirou em diversas mitologias, principalmente a céltica e a nórdica, para compor sua própria. Mesmo sendo um livro pequeno, a narrativa passa por diversos locais e apresenta muitas personagens. Ademais, é uma história de superação, onde seres pequeninos e frágeis alcançam feitos inimagináveis, sobrepondo-se a qualquer obstáculo.

Falando nisso, quase todas as personagens são interessantes, com destaque para Bilbo, Gandalf e Smaug. Os anões são um tanto quanto chatos, medrosos, fracos e resmungões. Mesmo que ao final Tolkien queira dar certa glória a eles, são personagens que não convencem, nem cativam. O pobre Bilbo merecia companheiros mais valentes para encarar essa aventura.

Claro, temos que levar em conta que isso faz parte da questão infantil do livro, e também não é algo que diminua a grandeza da obra. Este é o pontapé inicial na história do Anel, sendo muito interessante lê-lo antes de iniciar as aventuras de Frodo e companhia.

“Mas os olhos de que menos gostava eram de um tipo horrível, pálido e bulboso. ‘Olhos de insetos’, pensou, ‘e não de animais, só que são muito grandes’”. p. 138

Sobre a edição

A edição apresentada aqui é a versão em capa dura, feita para celebrar os setenta e cinco anos da publicação original. Livro caprichado, produzido com materiais de qualidade, com miolo em papel Pólen Soft, ótima diagramação e trazendo ilustrações feitas pelo próprio Tolkien.

Lenita Maria Rimoli Esteves e Almiro Pisetta foram os tradutores da obra, Lenita ficando com a parte em prosa (a maior) e Almiro com os poemas. Além desse trabalho em conjunto, a tradução passou por uma revisão técnica, pelas mãos de Ronald Eduard Kyrmse, membro da Tolkien Society, além de um grande estudioso de línguas antigas. Considero a tradução muito boa, mesmo que muitos “fãs” critiquem-na.

Existem outras edições do livro, com outros tipos de capas, porém essa é a versão brasileira que possui maior qualidade, em termos físicos, de material utilizado.

“— Nunca se ri de dragões vivos, Bilbo, seu tolo!” p. 221

Conclusão

Livro que marca um novo rumo para a literatura de fantasia. A criatividade de Tolkien é sem limites e não é exagero chamá-lo de Mestre. Personagens tão cristalizados na cultura pop foram apresentados pela primeira vez nessa obra, de leitura agradável e instigante. Não se deixe enganar pela tonalidade infantil da narrativa, a história irá surpreendê-lo. Apenas os anões que acompanham Bilbo poderiam ter sido mais interessantes, já que se mostram bem desprezíveis e covardes. Leitura indispensável para quem deseja se aventurar na história dos anéis de poder e da Terra-Média, ou melhor, para todo fã de fantasia.

“É estranho, mas as coisas boas e os dias agradáveis são narrados depressa, e não há muito o que ouvir sobre eles, enquanto as coisas desconfortáveis, palpitantes e até mesmo horríveis podem dar uma boa história e levar um bom tempo para contar”. p. 50

Minha nota (de 0 a 5): 4

Alan Martins

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Todas as ilustrações presentes no livro, além da arte da capa, foram feitas pelo próprio Tolkien.

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Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.

Autor: Alan Martins

Graduado em Psicologia. Amante da Literatura, resenhista e poeta (quando bate a inspiração). Autor e criador do Blog Anatomia da Palavra. Não sou crítico literário, porém meu pensamento é extremamente crítico. Atualmente graduando em Letras.

17 pensamentos

    1. Muito obrigado!
      É um livro bem legal e fácil de ler. É bom ficar de olho, porque a editora, ao que parece, está fazendo outra reimpressão dessa edição, a mais bonita de todos os livros de Tolkien publicados no Brasil.
      Grande abraço! Obrigado pela visita 😀

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  1. este não li. O senhor dos anéis é muito bom – a trilogia – embora muita descritiva (talvez seja o grande momento dos livros, fazer o leitor estar dentro das cenas) e não me lancei a outros dos seus livros. quem sabe, depois da tua leitura ela não chega até mim. grande abraço, Alan.

    Curtido por 1 pessoa

    1. O tom da narrativa é um pouco diferente, mas com o mesmo brilho. É uma leitura que traz maior compreensão sobre os eventos em ‘O Senhor dos anéis’. Os livros póstumos de Tolkien são muito ricos em detalhes, compondo a sua mitologia, vale a pena conferir.
      Agradeço a sua visita e suas palavras! Um forte abraço.

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    1. Comparados com outros anões que aparecem nesse livro e em ‘O Senhor dos anéis’, esses companheiros de Bilbo são uns molengas! Mas eles fazem sentido com o enredo. É muito difícil Tolkien não entrar na mente de quem o lê, o tanto que ele nos faz imaginar, não é para qualquer um!
      Obrigado pela visita!
      Grande abraço!

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