Desde que o cinema se popularizou, diretores têm adaptado livros de sucesso para as telonas. Ao longo da história cinematográfica houve excelentes adaptações, dignas de Oscar, e outras bem ruins, dignas de vergonha alheia.
Essa parceria entre literatura e cinema é benéfica para todos os envolvidos. O escritor lucra com a venda dos direitos autorais, assim como seu editor. Além disso, seu nome ganha mais fama. Já os envolvidos com o filme podem ganhar muito dinheiro com o sucesso da película.
Há autores desconhecidos que ganham fama após o sucesso de um filme, pois seu livro passa a ser mais procurado. Se o autor já for muito conhecido, os produtores do filme podem contar com um lucro praticamente garantido.
Algo comum no meio editorial é a utilização da arte da capa de um filme para a arte da capa de um livro. Muitas editoras tentam entrar na onda de sucesso, deixando a criatividade de lado. Isso resulta em capas genéricas, que não representam o livro de verdade.
Utilizando a ideia do POST da semana passada, dessa vez trago cinco capas de livros que copiaram as capas das suas respectivas adaptações cinematográficas. São capas sem qualquer pingo de criatividade. É muito fácil pagar os direitos para utilizar uma imagem que já está pronta. Também é uma pena, pois muitos artistas fariam obras mais bonitas e mais chamativas para as editoras.
Confira esses desapontamentos:
À ESPERA DE UM MILAGRE – STEPHEN KING (OBJETIVA, 2000): Em 2000, a Objetiva resolveu publicar uma nova edição desse sucesso escrito por Stephen King. Um ano atrás, em 1999, o livro foi adaptado para o cinema pelo diretor Frank Darabont, um dos diretores que fazem as adaptações mais fieis. Estrelado por Tom Hanks, o filme foi e ainda é um grande sucesso, recebendo quatro indicações ao Oscar. Aproveitando o sucesso do filme, logo no ano seguinte a Objetiva publicou o livro com a capa do filme. Uma grande falta de criatividade, apenas uma carona no sucesso. O grande trabalho de quem adaptou a capa foi escrever o título em português e colocar o logo da editora.
EU SOU A LENDA – RICHARD MATHESON (NOVO SÉCULO, 2007): No mesmo ano em que o romance que renovou as histórias de vampiros, misturando ficção científica e horror, se tornou filme, a editora Novo Século resolveu trazer a obra de 1954 para terras tupiniquins. O filme não é uma das adaptações mais fieis, porém é um bom filme. A capa do filme ficou bem legal, muito marcante. Porém, nada mais broxante do que ver o livro utilizando a mesma capa do filme. Fica inegável a tentativa da editora de fazer uma ligação entre o livro e o filme, para chamar a atenção de quem o assistiu e gostou. Ainda bem que a editora Aleph publicou uma nova versão do livro, com nova tradução e conteúdo extra, além de um projeto gráfico muito bonito. É louvável quando as editoras usam a criatividade.
FORREST GUMP – WINSTON GROOM (ROCCO, 1995): Acredito que depois de 1994, a vida de Groom nunca mais foi a mesma. Sua obra foi adaptada para o cinema, mais um filme estrelado por Tom Hanks. Porém, dessa vez o filme venceu o Oscar, não apenas foi indicado. E venceu em seis categorias, com Hanks levando o prêmio de melhor ator. Outro filme para colocar na lista de boas adaptações de livros para o cinema, pois também venceu na categoria de melhor roteiro adaptado. Em 1995 a Rocco trouxe para o Brasil a obra que deu vida ao filme. E para vender mais, utilizou a capa que estampou os cinemas mundo afora. A Aleph nos salvou mais uma vez, com sua nova edição da obra de Groom. Em 2016 uma nova edição foi publicada por aqui, em capa dura, com uma jaqueta dupla face cobrindo a capa.
LARANJA MECÂNICA – ANTHONY BURGESS (EDIOURO, 1994): Talvez o filme dirigido por Stanley Kubrick — considerado um dos maiores diretores de todos os tempos —, em 1971, seja mais conhecido do que sua fonte original. O livro é uma distopia recheada de violência, violência essa que foi muito explorada por Kubrick. Trata-se de um filme polêmico, considerado um clássico da sétima arte. Existiram diversas edições do livro no mercado brasileiro. As mais recentes foram publicadas pela Aleph (até ficou repetitivo isso), que mais uma vez ouviu os fãs e criou edições dignas de elogios. Porém, não foi o caso da Ediouro, que em 1994 apenas criou um fundo diferenciado e adaptou a capa do filme. Uma adaptação porca, já que esse fundo da capa nem ficou bom. Até parece o fundo de uma CNH.
O PSICOPATA AMERICANO – BRET EASTON ELLIS (L&PM POCKET, 2011): Ellis é um autor de grande sucesso nos EUA. Sua obra mais conhecida é de 1991 e traz uma crítica à sociedade estadunidense. Esse livro foi para os cinemas em 2000, com Christian Bale, o ator das metamorfoses, no papel principal. Além de um bom ator, ele também é um galã, o que foi explorado nesse filme, pois tem tudo a ver com o personagem do livro. O filme é bom e tentou pegar a onda de ‘Clube da Luta’. É um filme de humor negro, assim como o livro, bastante violento. Traz um elenco de peso e arrancará boas risadas e espantará em alguns momentos. A editora Rocco detinha os direitos de publicação do livro e entrou em parceria com a L&PM Pocket, maior editora de livros de bolso do Brasil. E eis mais um livro que utilizou a capa do filme. Mais um exemplo de falta de criatividade. Ao menos essa capa ficou melhor do que a da primeira edição, publicada por aqui em 1992.
O que você acha de livros que utilizam a capa dos filmes? Falta de criatividade? Uma tentativa de fazer dinheiro? Deixe um comentário dizendo sua opinião.
Espero que as editoras ouçam os leitores e parem de fazer esse tipo de coisa, pois a maioria acha isso bem “podre”. Quem sabe isso não mude em breve.
Obrigado por ler.
Alan Martins

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Laranja mecânica foi o pior kkkkk
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Olha, são tão ruins que fica até difícil escolher a pior! 😂😂😂
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Vdd kkkk
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Copiar a capa do filme é caidaço… XD
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Demais! 😂😂
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a capa é um dos atrativos para quem quer comprar um livro, um disco. nem sempre a criatividade está em primeiro plano. nestes casos listados por você, prevalece além do interesse comercial visível, outro aspecto:a da identidade. ou seja, assisti ao filme, quero ler o livro. a capa reproduzindo o poster do filme é uma espécie de “ei, sou que você procura”. por óbvio, que prefiro capas onde haja interação entre a história e a criação do artista e não mera cópia. ótimo post, Alan, abraço.
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Pesquisando algumas capas, encontrei várias. Isso é algo que ocorre no mundo todo. Dá pra fazer o volume 2 desse post. As editoras gostam de apostar no sucesso dos filmes. Obrigado pela visita, uma ótima semana para você.
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