Dizer que não se deve julgar um livro pela capa é um grande clichê, porém alguns clichês tendem a ser reais. Esse é um deles. Não é culpa do autor se os designers de sua editora escolheram uma capa de gosto duvidoso para sua obra.
As capas dos livros são um chamativo para o leitor, o possível comprador. Elas devem ser bonitas, possuir uma arte que deixe quem as vê curioso. Para um autor famoso, talvez uma capa ruim não faça diferença, pois o que mais chamará atenção é o seu nome estampado, não o design em si. Mas para um autor iniciante, uma boa capa pode fazer toda a diferença.
Podemos dizer que as capas evoluíram muito com os anos. Cada vez mais as editoras investem nessa etapa da produção de um livro. Trata-se de empresas que visam o lucro acima de tudo, afinal, sem o dinheiro não possuem condições para continuar funcionando. Isso mostra que as capas são uma parte importante na venda de um livro.
Claro que a capa não quer dizer nada, elas tentam transmitir algo da narrativa, porém não dizem nada a respeito da qualidade da prosa que estão protegendo. Nesse post, vou sim julgar o livro pela capa; entretanto vou julgar a qualidade da escolha da capa, não seu conteúdo, muito menos a escrita do autor. Para quem gosta de livros, a capa não importa muito, mas é legal possuir uma edição bonita na estante.
Vamos para a lista!
DRAGÃO VERMELHO – THOMAS HARRIS (BESTBOLSO, 2016): O primeiro livro da tetralogia de Hannibal Lecter, personagem que ficou famoso pela interpretação de Anthony Hopkins no cinema. Esta série de livros tem como tema principal o suspense e o terror psicológico, já que Hannibal é psiquiatra e, nas horas vagas, canibal. A arte da capa do livro é baseada na capa do filme homônimo de 2002. Esse desenho, meio estranho, é uma tatuagem nas costas de uma das personagens. A cor que escolheram dificulta um pouco seu entendimento, não dá para saber muito bem que se trata de uma tatuagem. Já é um ponto negativo quando a capa do filme é escolhida para ser a capa do livro, ainda mais quando adaptada dessa forma 🤦♂️. É a tentativa de vender em cima do sucesso cinematográfico. Não achei essa uma capa bonita. Na verdade é bem fraquinha e estranha.
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GRANDES CONTOS – H. P. LOVECRAFT (MARTIN CLARET, 2016): Eis uma capa que não representa a grandeza da escrita do autor que está protegendo, e tentando vender. Ao fundo, temos tentáculos de polvo, que são os tentáculos do ser mitológico criado pelo grande autor do horror: Cthulhu. A arte deveria mostrar mais o lado sombrio do autor, pelo qual ele é conhecido, o lado pelo qual os leitores comprarão o livro. Essa é uma edição muito boa, com capa dura, mais de 1000 páginas com diversos contos do autor, porém esse design aí ficou bem tosco. Temos uma imagem clara, com muita luz. Que tal um pouquinho de sombra ? Vamos deixar isso mais macabro! Há livros infantis com capas mais assustadoras que essa. 🤔
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O HOMEM DO CASTELO ALTO – PHILIP K. DICK (ALEPH, 2006): Todos os livros desse grande nome da ficção científica, publicados pela Aleph, seguem esse estilo de capa. Até que não é tão feio, mas é muito simples e não representa nada do conteúdo da história. O título, que está no retângulo verde, é um adesivo colado sobre a capa. Um autor que contribuiu tanto para esse gênero literário merecia uma homenagem maior. A editora vem publicando livros com capas incríveis recentemente, talvez isso possa mudar em um futuro próximo. Até parece que quiseram economizar com essa simplicidade 🤷♂️. Sem falar que essa imagem da capa fica ruim quando se trabalha em baixar resoluções em um computador; se compromete a leitura do que está escrito nela, ao redimensionar a imagem em algum software de edição. Um trabalho preguiçoso, no sentido de não querer investir em algo mais complexo. Veja minha resenha sobre esse livro AQUI.
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OS ESTRANHOS – STEPHEN KING (FRANCISCO ALVES, 1991): Não dá para afirmar que as edições das obras do Mestre do terror, publicadas pela Francisco Alves nos anos 1990, eram exemplos do que boas capas devem ser. Porém, sobre esta aqui, podemos afirmar que ela faz jus ao título do livro: é uma capa bem estranha, e feia. Tá certo, a história do livro é estranha também, e King a escreveu numa época em que se drogava muito 🌿🌿🌿. Porém, qual a explicação dessa “arte” aí? Vai ver quem a criou estava imitando King, se drogando enquanto trabalhava. Por sorte, a editora Suma de Letras está publicando os livros mais antigos do autor, em sua coleção ‘Biblioteca Stephen King’. São edições com capa dura e extras. Torcemos para que o próximo design seja um pouquinho melhor, com um pouco mais de bom gosto, e bom senso.
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ROSTO DE CAVEIRA, OS FILHOS DA NOITE E OUTROS CONTOS – ROBERT E. HOWARD (MARTIN CLARET, 2013): Eita livro com um título enorme! E mais uma vez presente em uma lista aqui do blog. Já fiz uma resenha sobre essa edição (clique AQUI para ler). Parece que essa editora não liga muito para as capas de seus livros, ou tem um gosto peculiar. Já se foi o tempo em que morcegos davam medo, ou representavam o terror 🦇👻. Essa caveira aí está relacionada ao título do livro, que é um título de uma novela presente nessa edição. Não é uma arte bonita, muito menos mostra algo que seja aterrorizante, que deve ter sido a intenção da Martin Claret. As cores ficaram bonitas, lembram as cores do Batman (gosto de Batman). Mas, sei lá, dá para rir dessa capa. Essa caveira poderia ser um pouco mais sombria, ela até que está simpática (diferente da personagem que representa).
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E aí, o que achou dessa lista? Fui crítico demais? Injusto? Deixe um comentário dizendo se concorda ou discorda de minhas escolhas, quero saber sua opinião.
Ah, e você conhece algum livro que você gosta muito, mas que possui uma capa ruim? Diga nos comentários, talvez seja um livro que eu não conheça.
Nossa, você aguentou ler até aqui! Isso é bom, é sinal que gostou (ou não). De qualquer forma, obrigado pela visita.
Alan Martins

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Nossa! foi angustiante mas consegui chegar ao fim kkkk.Realmente essas capas são terríveis, espero que as capas dos meus livros não passe pelo seu crivo.kkkk
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Kkkk Ah, mas essas não ajudam, nem um pouco!
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Tendo me formado em Design eu meio que me contorço no chão de vez em quando, quando aparece umas coisas bizarras por aí. (Pelo menos tem capas maravilhosas pra chorar de felicidade em cima também). Pra mim qualquer capa de livro maravilhosa que é trocada por foto de filme quando tem adaptação já me deixa bem triste (cof A Bússola de Ouro cof)
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Não tem nada pior que isso. Quero o livro, não o filme. Quero usar minha imaginação para criar as personagens, não vê-las numa foto na capa.
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Oi Alan, muito bacana seu post!! Nossa, realmente essas capas são muito ruins. Nós sabemos que tem muito coisa atrás, como custo, tempo e tudo mais. Mas, as editoras precisam melhorar. Os livros não são baratos (normalmente) então não dá para aceitar trabalhos mal feitos. E diagramação ruim?? Nossa, estraga a leitura!!! Abçs!
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Isso mesmo, Ju. Os livros estão cada dia mais caros, principalmente falando de livrarias físicas. As editoras têm o dever de caprichar mais. Sobre diagramação, a editora Record tá meio porca nesse sentido, sem falar da impressão de má qualidade. Você tem algum dessa editora?
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Faz tempo que não leio nada da Record, se eu pegar algum dessa editora vou observar. Abçs!
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😀
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Me preocupa mais com o título que com a arte da capa. Até porque, ultimamente anda tudo tão colorido que me incomoda. Um bocado.
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Não gosta de capas coloridas?
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Não. Cada vez que entro na cultura e vejo aquele monte de capas coloridas, respiro fundo e vou em outra direção. Mas está cada dia mais difícil fugir
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Muita falta de criatividade, né?
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Capas, sempre um assunto sério que muitas vezes, e você tem razão, é fator decisivo na hora da compra. Assim como as orelhas do livro. Hoje, em geral, as capas são muito ruins, nem tanto por fugirem do texto mas por serem ruins mesmo. Devemos, também, considerar o desejo do autor. As grandes editoras possuem uma linha determinada por gênero e outras investem em capas com obras de arte, por exemplo. Minha experiência como editor foi árdua neste sentido, nem sempre convenci o autor que a sua escolha era um desastre editorial. Enfim, capas devem ser criativas e terem ligação com a publicação. Os exemplos do post são de fato desastrosas escolhas. No entanto, ainda bem que o o mais importante continua sendo o conteúdo. Muito bom, Alan. Abraço.
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Muito legal saber o lado de quem já trabalhou na área. Dependendo do livro, são capas apelativas, ou colocam um casal genérico. Pior quando só escrevem o nome do autor e o título do livro, muito sem graça. Vai ver a necessidade de publicação e o pouco tempo de preparação deixam as cosias mais preguiçosas. Obrigado por compartilhar seu conhecimento aqui.
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